Educação faz palestra para entender o mundo na visão de um autista
Andradina - A secretaria Municipal de Educação de Andradina promoveu um evento para “ensinar” como é o mundo na visão de um autista. Os palestrantes Marcos Petry e sua mãe Arlete Petry contou a plateia lotada no Sirius Eventos, como é “do nascimento a descoberta do autismo” e de como é o “autismo na visão de um autista”.
A família catarinense percorre o Brasil ensinando a entender o autismo e foi numa dessas palestra em que a secretária Estela Goda teve contato e assim o conhecimento foi trazido para Andradina. “Estamos felizes em ter em Andradina , em plena atividade, o nosso Centro TEA que reforçou nossas ações em Educação no tema, hoje, com uma palestra tão especial, sabemos que todo o nosso “fazer e, educação”, vai evoluir ainda mais”, disse Estela Goda.
O subsecretário de Educação, Kleberson Santos, também reforçou que falar e entender sobre o autismo é muito importante. “Propiciar este evento, para nós, foi uma grande satisfação”, destacou.
Desafio dos Pais
A família Petry é um exemplo de luta, num campo cada vez mais comum a vida das pessoas e são exemplos de que a perseverança são essenciais para transformar as relações do autista com o mundo. “Não dá para desistir. Mudamos tudo em nossa casa, porque decidimos que não iríamos esconder o Marcos e que ele iria se desenvolver sim”, compartilha Arlete. Segundo ela, para que o menino, hoje palestrante reconhecido em todo o país, reconhecesse cheiro, texturas e desenvolvesse a mobilidade, foram mais de quatro anos. “Decidimos dar para o Marcos às condições necessárias para que ele pudesse viver com qualidade, e isso é o reflexo da vida dele hoje.”
Toda a trajetória inicial do cuidado com o filho foi sem ter a certeza de que Marcos era autista. O diagnóstico surgiu com o passar do tempo e com a observação do menino. “O diagnóstico é um instrumento, uma ferramenta, não uma sentença. Papais e mamães, o seu filho pode tudo, desde que vocês se mobilizem para isto”, recomenda Arlete.
Para entender o
autismo
Bem-humorado e comunicativo, Marcos Petry cativou a plateia. Abriu sua fala, apresentando a família e cantando e tocando violão. “Eu fui descobrindo que o meu cérebro e dos outros autistas é diferente, especialmente no que se refere a capacidade de abstrair, por isso, é muito mais difícil entender a linguagem figurada e as metáforas”, conta.
Petry compara o cérebro do autista a um aparelho de telefone celular, com muitos aplicativos instalados. “O celular fica lento, mas o nosso cérebro fica confuso, diante de muitos estímulos. A comunicação não verbal para nós é mais difícil, pois o meu cérebro fica muito no modo literal, e isso dificulta muito a minha capacidade de interação.
“O processamento sensorial, capacidade de compreensão das
informações e resposta aos estímulos, em uma pessoa neurotípica – que não tem
TEA, o acesso às informações é instantâneo. “Pois a gente recebe 5% mais luz,
som e informações. Para poder acessar isto, eu preciso encontrar uma zona de
conforto, eu me balanço, para poder organizar estas informações e responder ao
estímulo. Isso é o que chamamos de modulação do corpo”, destaca Petry.
Marcos revela que a brincadeira, responsável pelo desenvolvimento, também é uma
barreira para o artista. “O ser humano brinca para aprender alguma coisa, mas o
autista não entende a brincadeira como uma utilidade. Durante muito tempo, meus
pais tiveram que mostrar a utilidade da brincadeira comigo”, compartilha o
palestrante.
O palestrante diz ainda que tudo é método e adaptação. Até mesmo na hora de dizer “não”. “Explicar a consequência de uma ação ajuda na compreensão, na hora de expressar uma negação. Trabalhar o porquê ajuda muito”, Disse.