Sexta-feira, 20 set 2024
 
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Setembro Amarelo: redes sociais como ferramentas de conscientização

Psicanalista Fabiana Guntovitch

Segundo a psicanalista Fabiana Guntovitch, as plataformas sociais também podem servir para encorajar a busca por ajuda

O Setembro Amarelo é uma campanha mundial de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, um tema que, apesar de sua importância, ainda enfrenta alguns preconceitos. Embora vistas como possíveis vilãs da saúde mental, as redes sociais, com seu amplo alcance e capacidade de engajamento, podem se tornar um meio relevante para a disseminação de informações úteis sobre saúde mental.

“As redes sociais são uma ferramenta poderosíssima, que pode ser usada para o bem ou para o mal. Usá-las para conscientização e psicoeducação é, sem dúvida alguma, uma forma de equilibrar a balança em meio às idealizações, romantizações, comparações, preconceitos e julgamentos que rolam soltos nas redes sociais”, descreve a psicanalista Fabiana Guntovitch. 

As redes sociais têm o potencial de ser um espaço poderoso de conscientização e apoio durante o Setembro Amarelo, mas seu impacto depende de como são usadas. Utilizar os perfis digitais para promover debates abertos e acessíveis sobre saúde mental, por exemplo, é uma maneira de desmistificar o tema e diminuir o preconceito não somente durante o Setembro Amarelo, mas diariamente.

Além da conscientização, essas plataformas podem criar espaços de acolhimento e pertencimento para quem necessita de algum suporte. “Esses ambientes virtuais podem ser importantes para que pessoas em vulnerabilidade encontrem apoio e se sintam menos isoladas. Além disso, histórias de superação promovem esperança e identificação, o que é importantíssimo quando uma pessoa, por exemplo, está em depressão e precisando de um pouco de coragem para buscar ajuda profissional", explica Fabiana, que é também especialista em Comportamento.

Apesar de tais benefícios, não podemos esquecer do estigma associado ao uso da internet, especialmente quando se trata de saúde mental. Fabiana observa que, se a pessoa está vulnerável, fragilizada ou sem maturidade suficiente, ela pode se distanciar da realidade. “As redes sociais, que frequentemente exibem vidas idealizadas e perfeitas, podem agravar sentimentos de inadequação e isolamento.

É algo muito sério e muito triste”, afirma ela, destacando que esse é um desafio constante para quem lida com saúde mental na era digital. Para a especialista, o uso responsável das redes sociais inclui falar sobre saúde mental, compartilhar histórias reais e encorajar a busca por ajuda profissional. Embora isso não seja uma solução completa, é uma intervenção importante e que contribui para as questões emocionais. “A normalização sobre essas conversas pode fazer uma diferença significativa para quem está enfrentando dificuldades”, completa.

Ainda segundo Fabiana, o suporte familiar e social também é um fator crucial. “As dores da alma são dores solitárias, permeadas de desinformação e violências sociais veladas. Um ambiente acolhedor e benéfico pode ser fundamental no enfrentamento das questões de saúde mental, enquanto ambientes tóxicos podem ter o efeito oposto, agravando o sofrimento emocional”, detalha ela, que aconselha manter uma comunicação aberta dentro de casa. “A construção de vínculos em casa é importante para o fortalecimento da nossa psique”, destaca Fabiana. 

É importante ressaltar que os profissionais de saúde mental desempenham um papel vital no apoio tanto ao indivíduo quanto à sua família. “Quando um membro da família adoece, toda a família é impactada. Portanto, é fundamental que haja escuta, orientação, acolhimento e psicoeducação para todos os envolvidos. O acolhimento da família é um importante mecanismo social no enfrentamento das dores emocionais”, ressalta a especialista.