Artigo: A força e união do agro
A frase “ o agro unido jamais será vencido” pode soar
como um chavão, porém, é muito oportuno para o momento, e, em especial, no mês
em que celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, já que temos demonstrado que
a nossa produção agropecuária é a mais sustentável do mundo.
De fato, uma reportagem que li recentemente sobre o tema, comentava que esse
dia, ou seja, o dia do meio ambiente, também poderia ser considerado o dia do
pequeno agricultor, que tanto preserva e cuida a terra. Mas,
infelizmente, hoje o ambientalismo tornou-se uma espécie de totalitarismo, onde
o ambiente é absolutizado como fim, e não, efetivamente como meio relativo ao
ser humano.
Em um mundo e, principalmente, em um país com a potencialidade do Brasil, em
termos de segurança alimentar, as políticas públicas deveriam se equilibrar
entre proteger e projetar em função das próximas gerações, começando pela já
existente.
Por outro lado, a verdade, ou pelo menos a sensatez, deveria orientar a
informação, sem alarmismos ideológicos – ou melhor, utilitaristas –, o que
também auxiliaria na tomada de decisões eficazes, eficientes e realmente
sustentáveis. Nesse sentido, podemos afirmar que nosso agro tem enfrentado
séria oposição, desde a falácia em apresentar incompatibilidade entre
agricultura familiar e meio ambiente, passando pelo marco temporal e
apropriação de zonas “florestais” até o escândalo da “ Arrozbrás”.
Talvez o agro possa ser uma ameaça para alguns pois preserva a família, a vida,
a propriedade e a liberdade. Por outro lado, manipular um setor básico, com
pseudo fundamentação, é o primeiro passo para garantir a cadeia toda,
preservado também o fim, como a indústria e os bancos, o que estamos vendo
claramente na reforma tributária. Assim se apropria de toda economia de um
país.
A força do agro é natural e, de certa forma divina, pois tanto depende do
Criador, e, sua persistência, que pela necessidade, resiste e encontra caminhos
para seguir trabalhando a terra, cuidando devidamente o ambiente através dela,
e assegurando, dessa forma, sustento, sustentabilidade e liberdade.
Por fim, a união entre as pessoas e o foco nelas como prioridade é o que
efetivamente torna o agro forte. Disputas políticas ou de puro poder – que deve
ser exercido também de forma democrática – não devem caber em um setor que
necessita trabalhar com unidade e lealdade, pois dele depende a nação e seu
desenvolvimento econômico e social.
Por essa razão, o lema de entidades em defesa do agro é tão apropriado:
“Plante, cultive e colha a paz”. Essa é a força e a união que vem do campo.
Angela Vidal Gandra da Silva Martins,
professora de Filosofia do Direito da Universidade Mackenzie, é sócia da Gandra
Martins Law, gerente Jurídica da Faesp, presidente do Instituto Ives Gandra de Direito, Filosofia e
Economia e ex-secretária nacional da Família do Ministério da Mulher, da
Família e dos Direitos Humanos.
Foto: Andreia Tarelow.