Carta de Conjuntura do CSESP, da FecomercioSP: inflação dos serviços preocupa mais que a de alimentos
IPCA — Setor de
Serviços (2024–2025) - Acumulados mensais de 12 meses - Fonte: IBGE
Preços no setor podem
impactar mais o bolso dos brasileiros, aponta Carta de Conjuntura de
março
Estado - O debate público brasileiro está voltado, pelo menos desde o fim do ano passado, para a elevação do preço dos alimentos. E não é à toa, considerando que a inflação desse grupo de produtos foi de quase 8% em 2024, segundo o IBGE, e que os preços de alguns itens comuns à mesa dos brasileiros tenham subido muito, como o café (50% no ano passado) e o ovo (20%).
No entanto, a inflação que realmente preocupa não é essa, mas a do setor de Serviços. A análise da Carta de Conjuntura do Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), deste mês é que, uma vez que os preços do setor flutuam em altas acumuladas de 12 meses entre 5% e 6%, será difícil estabilizá-los — e vão puxar o índice geral para cima, adiando cada vez mais o início do ciclo de queda da taxa Selic.
A carta pode ser acessada clicando aqui.
Se a alimentação está cara por fatores climáticos, que devem ser suavizados com a melhoria nas safras em 2025, os serviços estão sendo ainda mais inflacionados, na medida em que o governo tem tentado estimular o crédito e o consumo, e tudo isso em uma conjuntura de desemprego baixo e importações em disparada. Em outras palavras, não há horizonte no curto prazo de mudança de rota.
A preocupação maior do governo com a inflação da comida é puramente política, porque há influência eleitoral.
“Na verdade, há dois caminhos a seguir”, aponta o economista Antonio Lanzana, presidente do conselho: “Ou controlar a inflação, que está em disparada, ou estimular a demanda. O governo parece estar escolher a segunda opção. Os efeitos, porém, podem ser complicados”.
A Carta de Conjuntura de março ainda reflete novamente sobre a desaceleração da economia brasileira em 2025, agora sob a luz da rigidez da produtividade do País (que cresceu 0,1% no ano passado) e dos desempenhos recentes dos setores econômicos.
O documento ainda explora como o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, está exportando incertezas pelo mundo, cujos impactos podem ser graves para países emergentes, como o Brasil.
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que afetam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.