FecomercioSP: elevação da Selic aponta preocupação do Banco Central com excesso de demanda
Desemprego em queda e massa de renda em níveis históricos geram perspectiva preocupante para inflação, como Federação já alertava há algum tempo
Estado - A
decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (Bacen), de
voltar a elevar a taxa básica de juros do País, a Selic, após mais de dois
anos, reflete a preocupação da instituição com uma conjuntura de excesso
de demanda na economia que se avizinha, tal como a Federação do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
(FecomercioSP) vem alertando há algum tempo.
De acordo com a Entidade, trata-se de um sinal forte de que o banco está
atento aos efeitos potenciais de uma desancoragem de expectativas, mesmo que
isso tenha custado o reajuste dos juros, colocando essa percepção à frente de
indicadores que poderiam até sustentar uma manutenção da taxa em 10,50%, como
os números do último IPCA e as condições do mercado internacional.
A Selic subiu 0,25 ponto porcentual (p.p.) nesta quarta-feira (18), passando
para 10,75%. Agosto de 2022 foi a última vez que a taxa havia sido
ajustada para cima. Vale dizer que, na perspectiva atual do mercado,
mensurada pelo boletim Focus, do mesmo Bacen, ela seguirá subindo em
2024, finalizando o ano em 11,25% — patamar do início do ano.
A FecomercioSP acredita que a leitura do comitê seja de um contexto econômico
de desemprego baixo (6,8%, no trimestre encerrado em julho), massa de renda em
níveis históricos e, por consequência, um Produto Interno Bruto (PIB) em ritmo
acelerado (com crescimentos de 1,4% no segundo trimestre em relação ao
primeiro, e 3,3% em comparação ao mesmo período de 2023). Ainda que tenha
um impacto de desancoragem no presente, é uma decisão baseada em projeções
futuras.
Um dado ajuda a entender essa preocupação: a volatilidade de preços dos
serviços, por exemplo, impede uma análise mais concreta sobre o arrefecimento
dos custos. Os valores variaram 0,24% em agosto, após registrarem uma elevação
de 0,75% no mês imediatamente anterior.
O Copom também segue na mesma direção do mercado, a qual indicava um consenso
de que a inflação só ficará dentro da meta estabelecida pelo Bacen (de 3%)
se os juros voltassem a subir. Ainda que IPCA tenha caído em agosto, o
acumulado dos últimos 12 meses está perto do teto da meta.
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