Com 13º maior, vendas do Natal devem garantir crescimento de 5% para o varejo paulista
Vestuário deve ter o
melhor desempenho, com alta de 28% em relação ao mesmo período de 2020
Estado - O comércio varejista no Estado de São Paulo deve crescer 5% em dezembro, motivado pelo pagamento do décimo terceiro salário e seu impacto maior nas compras de Natal. A projeção é da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A injeção do recurso será o fator decisivo, já que será 57,5% maior que em relação ao registrado no fim de 2020.
O contexto de maior oferta de crédito – dando acesso ao
consumo de bens duráveis –, com lojas sem restrições de funcionamento e mais
circulação de consumidores, também contribuirá para o resultado. Confirmando-se
a estimativa, o varejo paulista deve atingir R$ 91 bilhões em vendas no mês do
Natal, R$ 4,2 bilhões a mais do em 2020.
Dois fatores justificam a maior injeção do décimo salário. Em primeiro lugar, a
expressiva expansão do contingente de trabalhadores com carteira assinada
(condição essencial para ter direito a este valor complementar) e, em segundo,
o fato de que os aposentados e pensionistas, além de parcela significativa de
empregados do setor privado, no ano passado, receberam a totalidade do
pagamento até a metade do ano, a fim de atenuar a queda de renda provocada pela
paralisação de vários segmentos produtivos e a elevação do desemprego.
Com a injeção do benefício seguindo os padrões pré-pandemia, R$ 9,5 bilhões do
valor recebido do recurso deverão ser destinados ao consumo nesta época do ano.
São R$ 3,1 bilhões a mais na economia, o que significa uma elevação de 47% em
relação ao ano anterior, respondendo por 74% do acréscimo mensal previsto de R$
4,2 bilhões em relação a dezembro de 2020.
Apesar da perspectiva positiva, é necessário considerar, entretanto, os fatores conjunturais que podem impactar negativamente a expectativa de movimento robusto e consistente neste fim de ano e nos meses seguintes. Isto é, a forte elevação em curso do nível de endividamento das famílias que, ao lado da inflação e do desemprego altos, provocam redução da massa de renda. Assim, o desempenho das vendas em dezembro deve se vincular ao confronto dessas variáveis positivas e negativas.
Recuperação do setor de vestuário
Dentre as atividades do varejo, o segmento de vestuário
deverá ter o melhor movimento de vendas no mês, com crescimento estimado de
28%, ante dezembro de 2020, quando mostrou uma retração de 22%, o pior
desempenho entre todas na ocasião.
Já os supermercados (-2%), as farmácias e perfumarias (-3%) e as lojas de
móveis e decoração (-5%) devem ser os destaques negativos deste ano. Com
relação aos supermercados, é importante ressaltar o contexto diferente em
relação a 2020, já que, naquele momento, por causa do aumento de casos de
covid-19, as maiores restrições para as festas favoreciam o crescimento do
setor.
Por outro lado, a inflação impactando – em especial, classes baixa e média
baixa com mais contundência – limita grandes aumentos nas vendas também de bens
essenciais (como visto no segundo semestre do ano passado) e nestes últimos
meses de 2021, quando ficou nítida a desaceleração da taxa de aumento de vendas
dos supermercados.
Reequilíbrio
Na avaliação da FecomercioSP, se as estimativas se
confirmarem, é possível qualificar o resultado de dezembro como satisfatório,
já que abre espaço para melhoria das condições dos empresários após meses de
forte apreensão e baixas vendas, além de incertezas.
Em 2021, o comportamento das vendas intersetoriais começou a dar indícios de
reequilíbrio das disparidades, o que pode sintetizar a característica básica
que o ano está mostrando. As atividades mais atingidas estão apontando para uma
reação que, embora ainda esteja em patamar abaixo do período pré-pandemia, ao
menos mostra um alento para esses segmentos e toda a cadeia produtiva que os
cerca.
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