Segunda-feira, 23 dez 2024
 
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“Operação Asclépio” desmonta organização criminosa de Murutinga do Sul”

Murutinga do Sul - Promotores de Justiça de Assis e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), junto com agentes e delegados da Polícia Civil, deflagraram nesta sexta-feira (12/04), a “Operação Asclépio” e efetuaram 17 prisões temporárias. De acordo com as investigações, o suposto líder da organização é de Murutinga do Sul.

O empresário Adeli de Oliveira “comandava o esquema” que vendia vaga em cursos superiores de medicina por valores que giravam de R$ 80 mil a R$ 120 mil. O vereador Adeildo de Oliveira – Kikão (irmão de Adeli) foi preso na operação. Outros familiares também foram conduzidos a prestar esclarecimentos.

Kikão seria prestador de serviços de jardinagem no Campi da Universidade Brasil em Fernandópolis e deverá ser liberado nesta semana, caso sua prisão não seja prorrogada. Já Adeli de Oliveira, supostamente trabalhava na área de consultoria e assessoria para a Universidade Brasil por intermédio de sua empresa.Nossa reportagem tentou contato com o vereador Kikão e com Adeli na manhã de sexta-feira, mas não obteve retorno.

Esquema

De acordo com autoridades policiais, o esquema teve início na Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA) no início de 2017. Informações obtidas pelas autoridades, pessoas com maior capacidade intelectual usavam documentos falsos para se passarem pelos candidatos efetivamente inscritos, realizando as provas no lugar destes.

A investigação identificou os alunos e os responsáveis pela ação fraudulenta, desvendando a existência de possível organização criminosa com atuação mais ampla, fora da comarca de Assis, mas não houve nenhuma pessoa ligada a FEMA na participação do esquema. Os integrantes supostamente se dedicam a fraudar processos de transferência de alunos de uma faculdade para outra, inclusive de outros países da América do Sul, sempre no curso de medicina.v 17 pessoas foram identificadas e tiveram suas prisões temporárias decretadas. Foram expedidos e cumpridos vários mandados de busca e apreensão, visando acoleta de provas. Houve ainda o sequestro de bens das pessoas ligadas à organização criminosa.

Com o avanço das diligências, apurou-se a constituição de sofisticada organização criminosa composta de três grupos, todos interligados: Grupo familiar; Grupo dos captadores/vendedores de vagas; Grupo de intermediários na Universidade Brasil – mencionou às autoridades policiais. Ainda de acordo com autoridades da segurança pública, o primeiro grupo, comandando pelo cabeça do esquema, coordenava todas as ações, “se valendo dos trabalhos de vários subordinados”.

Os familiares seriam usados no esquema para ocultação do patrimônio adquirido de forma ilícita. Os captadores/vendedores de vagas, normalmente era pessoa que já teria feito “negócio” e ganhava comissões para indicar outros interessados em comprar vagas em medicina.

O terceiro grupo é de pessoas ligadas à Universidade Brasil, que possui faculdade de medicina em Fernandópolis. A polícia diz que, sem este grupo, não seria possível obter “êxito no engenhoso crime”. Essas pessoas eram consideradas integrantes desta organização criminosa. A polícia também realizou buscas na secretaria da faculdade na sexta-feira.

Em nota de esclarecimento, a “Universidade Brasil informa que tomou conhecimento do esquema de fraude de vestibulares por meio da Polícia Civil do Estado de São Paulo, na manhã desta sexta-feira. A Instituição recebeu com surpresa e repúdio a informação do envolvimento de funcionários neste esquema e já abriu sindicância interna para apurar e chegar aos nomes dos responsáveis. A Universidade Brasil, como vítima de toda essa história, também se coloca à disposição das autoridades para mais esclarecimentos e auxílio em toda a investigação”.

Foram mobilizadas 39 viaturas do Grupo Especial de Reação, Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos e do Grupo de Operações Especiais da capital, além de viaturas do interior. Além disso, a operação contou com o trabalho de promotores de Justiça da capital, de Assis, Fernandópolis e São José do Rio Preto; e de 22 delegados da Polícia Civil de Assis, Presidente Prudente e Dracena, de acordo com informações da assessoria de imprensa do Ministério Público do Estado de São Paulo.

O nome da Operação Asclépio é uma referência a um símbolo antigo, relacionado com a astrologia e com a cura dos doentes através da medicina, consistente de um bastão envolvido por uma serpente.