Ação/Reação! Entidades classistas se manifestam em favor de delegado que prendeu prefeito Gilson Pimentel
“Prefeito de Murutinga do Sul fez acusações contra atuação policial que o levou a prisão”
Murutinga do Sul – Na quinta-feira (21/06), a ADPESP (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), o SINDPESP (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo) e o SINDPF-SP (Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo), prestaram solidariedade ao delegado Marcelo Zompero (assistente da Seccional de Andradina), responsável pela prisão do prefeito de Murutinga do Sul, Gilson Pimentel (PSDB) e mais 4 servidores, ocorrido na quarta-feira (13/06), por crime ambiental.
Gilson Pimentel e os servidores presos obtiveram a liberdade no dia seguinte. No domingo (17/06), o prefeito de Murutinga do Sul, que também preside o Ciensp (Consórcio Intermunicipal do Extremo Noroeste de São Paulo) em conjunto com a Amensp (Associação dos Municípios do Extremo Noroeste do Estado de São Paulo) realizaram reunião na Câmara de Murutinga do Sul.
O prefeito Gilson Pimentel, em seu discurso fez acusações contra a ação da Polícia Civil que culminou com sua prisão – “Marco Pilla meu amigo de longa data, foram sequestrados do trabalho deles (servidores), foram retirados, sequestrados do emprego deles prestando serviço a comunidade. Ficaram detidos junto comigo até as três horas da tarde do dia seguinte. Exposto na sociedade como se tivessem cometido crime, que crime estes cidadãos cometeram, eles estavam trabalhando, cumprindo ordem.
Eu não posso, e a gente como administrador público, eu peço a todos vocês, nós não podemos, não devemos acreditar que a Polícia Civil por um ato de… Eu tenho até medo de falar o que tenho vontade de falar aqui… Promocional, queira se aparecer encima da gente, tem muita coisa séria aí para a Polícia cuidar. Ali meu amigo Julião, detido lá com mais dois meliantes lá. Pegos em flagrante por roubo. Foram ouvidos e foram liberados. E nós aqui, ficamos até o dia seguinte…” – acusou.
Gilson Pimentel afirmou ainda ter estreito relacionamento com a Promotoria Pública, o que supostamente pode ter colaborado com o relaxamento de sua prisão – “quero aqui destacar e dizer pra vocês que o prefeito de Murutinga do Sul, tem assim um estreito relacionamento com a Promotoria Pública. A gente procura de todos os sentidos, meu procurador do município, doutor Cristiano sabe disso.
Quando acontece um problema, a gente vai lá e senta com ela e negocia. Doutora não dá para fazer isso, me ajuda com isso. Tivemos lá uns dias atrás, e o parecer dela, a decisão dela aqui na decisão do juiz é que não existe flagrante, não existe crime…” – anunciou o prefeito Gilson Pimentel, na reunião de 17 de junho, referindo-se a manifestação do MP favorável ao relaxamento de sua prisão.
O prefeito de Murutinga do Sul disse ainda que espera que a Corregedoria do Estado de São Paulo puna com o mesmo rigor do que foi feito com ele e os servidores – “… eu tenho certeza que a Corregedoria puna com o mesmo rigor o que fez com nós cinco, o que fez com a população de Murutinga, o que fez com os funcionários da Prefeitura. Eu tenho certeza, que a Corregedoria, eu tenho certeza que o corredor maior que a gente vive aqui neste planeta é Deus e esse povo vai pagar, vai pagar caro o que fez com a gente…” – anunciou Gilson Pimentel.
No evento realizado na Câmara de Murutinga do Sul, foi feita uma carta de repúdio em favor de Gilson Pimentel e assinado por vários prefeitos da região. Alguns prefeitos procurados por nossa reportagem disseram que o objetivo da reunião não era aquele (apoio ao prefeito) e sim discutir solução para os aterros sanitários da região e que assinou o documento por constrangimento em desagradar alguns políticos, embora não concordasse com o teor do documento. Tiveram prefeitos que simplesmente não assinaram a carta intitulada de “Carta de Murutinga”, que seria encaminhada ao governador Márcio França e a Corregedoria do Estado.
Apoio
O SINDPF-SP, o SINDPESP e a ADPESP, entidades de classe de delegados da Polícia Civil de São Paulo, representados por seus presidentes e diretores, encontraram-se hoje com o Delegado de Polícia Marcelo Zompero, assistente da Delegacia Seccional de Andradina, distante 600 km da Capital. A reunião foi na sede da ADPESP e teve como motivo principal a defesa incondicional da independência funcional do Delegado de Polícia. O Dr. Marcelo prendeu em flagrante, por crime ambiental, o prefeito da cidade de Murutinga do Sul, Gilson Pimentel (PSDB), no último dia 13. Além dele, foram presos um fiscal e três funcionários da limpeza pública da prefeitura.
Um inquérito instaurado após a CETESB registrar dois boletins de ocorrência contra a Prefeitura mostrou indícios claros de despejo de lixo em área interditada pela agencia. Em decorrência do inquérito conduzido por Zompero, o Ministério Público ajuizou ação civil pública contra o prefeito, em função da infração ambiental criminosa, e já concedeu liminar que proíbe, definitivamente, o descarte de lixo no aterro, sob multa de R$10 mil por dia.
A presidente do SINDPF SP, Tania Prado, e os presidentes Gustavo Mesquita Galvão Bueno, da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, e Raquel Kobashi Gallinati, do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, defenderam a independência funcional do delegado, que prossegue investigando o caso, após relaxamento da prisão do prefeito.
Em fala exclusiva, Zompero descreveu os fatos que antecederam a prisão. “O aterro já estava sobrecarregado. A cada coleta feita, o prefeito descarregava de 4 a 5 toneladas de lixo de forma irregular. Os engenheiros responsáveis foram ao local, verificaram o ocorrido e, ao registrarem boletim de ocorrência, esclareceram que tudo foi feito para que a irregularidade fosse impedida, restando apenas à interdição, pena máxima prevista pela CETESB”, contou. “As entidades seguirão atentas aos desdobramentos do caso e permanecerão em constante apoio ao colega e à defesa da independência funcional dos delegados de polícia” – diz a nota.