Quinta-feira, 21 nov 2024
 
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Protesto de operários da cana fecha rodovia

Um grupo de 100 trabalhadores da Fazenda Damha no município de Itapura, fechou por três horas na manhã dessa segunda-feira, a Rodovia Gerson Dourado de Oliveira (SP - 595), na altura do trevo daquela cidade. Eles exigiam a presença da imprensa “como forma de chamar a atenção” para as denúncias de natureza trabalhista. Denúncia de desrespeito trabalhista Um rapaz de 25 anos, que se identificou como José Leôncio, com família em Cajueiro, em Alagoas, disse que mora em Valparaíso, distante mais de 100 quilômetros da lavoura, mas que não ganha pelo tempo perdido na viagem. Além disso, alega que sua cesta básica é suspensa apenas com uma ausência no mês e que em qualquer condição, os atestados médicos não são reconhecidos para desconto do dia parado. Outra queixa é que trabalhos aos domingos e feriados não são pagos como horário extra e nos dias de chuva, todos são dispensados, mesmo depois de conduzidos até as lavouras, porém sem o pagamento do dia. Uma mulher que não quis se identificar declarou que apesar de estarem registrados em carteira, trabalham 30 dias por mês, mas recebem apenas 20 por dias. A maioria veio de estados do norte e ficam na região somente durante o período de safra da cana de açúcar. Um dos manifestantes exibiu a carteira de trabalho com o carimbo da empresa do fazendeiro Anwar Damha, que também é dono da Construtora Encalso, dona de várias fazendas na região. Na tarde de segunda-feira um funcionário de nome Vanderlei, que trabalha no escritório da Fazenda Damha em Itapura disse que a versão do empregador sobre os fatos só seria apresentada pelo gerente da fazenda, Sérgio Mardela, que estava em viagem e só retornaria nessa terça-feira.

“Não temos culpa”, disse o motorista.

Portando facões, os manifestantes que se diziam prejudicados pelo empregador da lavoura de cana que está sendo plantada na Fazenda Damha, impediram o fluxo de veículos não só pela estrada oficial, como também pelas vicinais de acesso à Usina de Três Irmãos e à cidade de Itapura. O protesto causou revolta de muitos motoristas. Juvenal Pereira, que mora em São José do Rio Preto e voltava de uma viagem ao Pantanal disse: “ estou cansado, dirigindo há mais de cinco horas, o que tenho a ver com isso? Eles deveriam estar pressionando o patrão deles, que aliás, nem passa por essa rodovia”, declarou Pereira. Um manifestante que se identificou como Silvano, decidiu ouvir o apelo do Tenente Marcelo, da Polícia Militar de Ilha Solteira. “Acho que vocês já conseguiram chamar a atenção da mídia, por isso, a próxima etapa e impedir que outras pessoas sejam prejudicadas pela causa de vocês”, disse o policial. Silvano chamou os colegas de trabalho e todos concordaram em abrir a estrada, desde que os representantes do fazendeiro, presentes no local, se comprometessem a marcar para o mesmo dia, uma reunião para discutir a solução dos problemas. Eles também entraram em contato com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Andradina, onde vão pedir orientação para reivindicar uma audiência com fiscais do Ministério do Trabalho.