Trump, imigração e a ONU
A política de imigração nos Estados Unidos é um tema
complexo e controverso, especialmente com a retomada do mandato de Donald
Trump. O discurso anti-imigração do presidente eleito tem gerado preocupações
sobre os impactos na economia, na sociedade e nos direitos humanos. A
Organização das Nações Unidas (ONU) tem defendido a dignidade e a igualdade
como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a
soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações
vulneráveis.
A política de Trump de deportação em massa e a construção de um muro na
fronteira com o México são exemplos de como o discurso anti-imigração pode
levar a medidas que violam os direitos humanos. A separação de famílias na
fronteira e a restrição de entrada de cidadãos de determinados países também
demonstram a priorização de barreiras nacionais e a exclusão de pessoas em
situação de vulnerabilidade. Isso é contraditório com os princípios da
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, que asseguram que
todos os indivíduos possuem dir eitos inalienáveis, independentemente de
nacionalidade, raça ou condição migratória.
A ONU defende que os imigrantes e refugiados têm direito a buscar asilo em
outros países para fugir da perseguição e que devem ser tratados com dignidade
e respeito. No entanto, as políticas de Trump têm enfraquecido esse direito,
como a política de "Remain in Mexico", que obrigava solicitantes de
asilo a permanecerem no México enquanto aguardavam o processamento de seus
pedidos. Isso os expunha a condições precárias e perigosas, em contradição com
os padrões internacionais de proteção humanitária.
Além disso, a economia dos Estados Unidos depende da mão de obra imigrante para
manter a economia. A chegada dos imigrantes na América do Norte em busca de
oportunidades impulsionou a infraestrutura e a inovação do país, trazendo
impactos positivos para a economia. Segundo o relatório Efeitos do Aumento da
Imigração no Orçamento Federal e na Economia, divulgado pelo Gabinete de
Orçamento do Congresso (CBO), o aumento da imigração no país pode trazer
mudanças no Produto Interno Bruto (PIB), na inflação, nos juros e no orçamento
dos EUA.
A mão de obra imigrante é um fator de dependência dos Estados Unidos. Com a escassez
de mão de obra qualificada especialmente nas áreas de saúde, tecnologia e
construção civil, os imigrantes assumem essas funções, desempenhando papéis
fundamentais em diversos setores da economia. A agricultura, por exemplo,
necessita de trabalhadores para manter o abastecimento interno e as
exportações. Já na área da saúde, os imigrantes ocupam postos de enfermeiros,
assistentes domiciliares e médicos.
Em resumo, a política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo que
envolve direitos humanos, economia e sociedade. A ONU defende a dignidade e a
igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump
priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de
populações vulneráveis. É fundamental que se encontre um equilíbrio entre a
proteção dos direitos humanos e a gestão da imigração, para que se possa
construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
João Ibaixe Jr. é
advogado criminalista, ex-delegado de polícia, especialista em Direito Penal,
pós-graduado em Filosofia, Ciências Sociais e Teoria Psicanalítica e mestre em
Filosofia do Direito e do Estado.
Jonathan Hernandes Marcantonio é
doutor em Filosofia do Direito e do Estado pela PUC-SP. Professor
Universitário. Advogado com ênfase em Direito Público.
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