Café mais caro pressiona estabelecimentos por reajustes de preços
A delicadeza do café
na xícara contrasta com a pressão dos custos nos bastidores, bares e
restaurantes enfrentam o desafio de equilibrar qualidade e reajustes sem
afastar os clientes
Insumo triplicou o
preço em seis anos, mas aumento em 2025 tem gerado repercussão
O aumento expressivo no custo do café tem pressionado bares e restaurantes que sentem dificuldades em reajustar os preços, gerando desafios para o setor. Nos últimos 12 meses, o valor do café moído subiu 50,35%, enquanto o cafezinho servido nos estabelecimentos de alimentação fora do lar aumentou 10,49%, segundo o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA).
"De cinco anos para cá, o café subiu 276% e, ao mesmo tempo, o dólar subiu mais de 30%. Podemos afirmar que o custo do café subiu 300%, ou seja, triplicou de preço. Em razão do aumento dos últimos 45 dias, o impacto foi mais forte agora", destaca Léo Montesanto, fundador da Coffee++.
Essa escalada nos preços tem impacto direto nos custos operacionais dos bares e restaurantes. A alta recente reforça um dilema para os estabelecimentos. Enquanto o custo do café sobe rapidamente, os preços repassados ao consumidor avançam em ritmo mais lento. Em janeiro, por exemplo, o preço do cafezinho nos bares e restaurantes subiu apenas 2,71%, muito abaixo da alta de 8,56% registrada nos supermercados no mesmo período.
O comportamento dos preços nos bares e restaurantes reflete a dificuldade de um setor que opera com margens reduzidas e precisa manter a atratividade para consumidores cada vez mais cautelosos. Levantamento da Abrasel aponta que 32% dos empresários não conseguiram reajustar seus cardápios nos últimos 12 meses, enquanto 59% fizeram reajustes abaixo ou apenas acompanhando a inflação.
Para Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, essa contenção nos preços dentro dos estabelecimentos ocorre porque há uma tentativa do setor de segurar a inflação de forma geral, e no caso do café não é diferente.
"O setor tem segurado a inflação de forma geral, e no caso do café não é diferente, mas há uma dificuldade crescente diante das altas seguidas no preço do insumo. Essa variação faz com que, em termos relativos, tomar café em bares e restaurantes tenha ficado mais barato do que consumir em casa", afirma.
A resistência em repassar os aumentos ocorre porque o consumidor, pressionado pela perda de poder de compra, tem se tornado mais sensível a reajustes. Muitos empresários tentam manter os preços o máximo possível para não perder clientes fiéis, mas, diante da escalada nos custos, essa estratégia se torna cada vez mais difícil.
Foto: Freepik-enviada por Abrasel.
Abrasel - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes.