Quinta-feira, 28 mar 2024
 
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Brasil: o país das organizações criminosas

No Brasil, as organizações criminosas são compostas por políticos, empresários e policiais corruptos, com uma verdadeira teia de conexões com diversos aspectos do mundo do crime e das atividades ilegais

Há décadas que as principais capitais brasileiras vêm sendo dominadas por organizações criminosas que se entranham, principalmente no executivo e no legislativo, com ramificações em outros órgãos, como o Tribunal de Contas, autarquias e fundações.

Um exemplo desse ciclo pode ser visto no Rio de Janeiro e as prisões dos 4 últimos governadores deste estado, e não por coincidência, dos 3 últimos presidentes da Assembleia Legislativa do Estado do RJ(ALERJ), além das prisões e afastamento da quase totalidade dos conselheiros do tribunal de contas e de outros parlamentares.

O mesmo acontece no Legislativo Federal e de outros estados onde grande parte dos políticos em exercício de seus mandados são também réus em diversos processos em tramite na justiça, que se arrastam por décadas e décadas devido as imunidades e privilégios dos poderosos. 

Muito se tem descoberto no que diz respeito ao pagamento de propinas milionárias dadas aos secretários de Estado, políticos, conselheiros do TCE e a qualquer funcionário ou pessoa que seja de interesse das organizações criminosas.

Porém, essas propinas e desvios infelizmente não são o prejuízo maior, pois os milhões pagos em corrupção são muito menores que os prejuízos bilionários que os estados vem sofrendo há décadas, devido aos benefícios concedidos a empresas corruptoras que recebem isenção e incentivos fiscais, promovendo também o superfaturamento de produtos e serviços fornecidos ao estado, à custa de suborno aos agentes públicos, levando a um déficit de arrecadação e falência dos cofres públicos, dinheiro este suficiente para reequilibrar o orçamento dos estados e restaurar os serviços públicos.

O que caracteriza a denominação de organização criminosa é a sua estrutura complexa, com ramificações por diversos órgãos, envolvimento de agentes públicos dos mais variados escalões e uma sofisticada tecnologia para a obtenção de propinas e recursos indevidos e lavagem de dinheiro.

Geralmente essas organizações criminosas são compostas por políticos, empresários e policiais corruptos, com ramificações dentro e fora do Brasil com entranhas profundas no tráfico de drogas e nas milícias, com uma verdadeira teia de conexões com diversos aspectos do mundo do crime e das atividades ilegais. 

Essas organizações criminosas estão sendo recentemente descobertas graças a especialização de promotores e juízes federais que buscaram formação no exterior para o combate deste sofisticado crime, tendo como espelho, por exemplo, a operação “Mani Pulite”(Mãos Limpas) da Itália. Outro fator importante tem sido a atuação da mídia e facilidade de tornar a informação mais acessível e rápida ao cidadão, fatores esses que não existiam há tempos no Brasil.

Por fim, esses criminosos são verdadeiros assassinos, pois causaram a morte de centenas de cidadãos em todo o Brasil, principalmente através dos desvios de recursos da saúde e superfaturamento de compras durante este período de pandemia, sem contar os desvios na área da segurança pública, obras, educação, entre outros serviços, condenando a miséria milhões de cidadãos brasileiros. 

Prof. José Ricardo Bandeira - É Perito em Criminalística e Psicanálise Forense, Comentarista e Especialista em Segurança Pública, com mais de 1.000 participações para os maiores veículos de comunicação do Brasil e do Exterior. Presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, Presidente do Conselho Nacional de Peritos Judiciais da República Federativa do Brasil e membro ativo da International Police Association. 

Nota da Redação: Os artigos publicados neste espaço “Opinião” são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista do “Jornal Folha Regional de Andradina” e nem de sua direção.