Brasil, o convidado infame da Cúpula do Clima
José Manoel Ferreira
Gonçalves é engenheiro, jornalista, advogado, professor doutor, pós-graduado em
Ciência Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo,
integrante do Engenheiros pela Democracia e presidente da Ferrofrente – Frente
Nacional pela Volta das Ferrovias
Convocada pelo governo Joe Biden, a Cúpula do Clima será realizada no próximo dia 22, mesma data em que se comemora o Dia Internacional da Terra. O encontro se estenderá até a sexta-feira, com 40 convidados, entre eles o presidente brasileiro.
Dada a importância de nosso país na questão ambiental, é de se esperar que tenhamos uma participação de destaque nessa discussão estimulada pelo desejo norte-americano de liderar a batalha do planeta contra o aquecimento global. Para tanto, precisaríamos desembarcar nos Estados Unidos com um discurso corajoso, ousado na crítica, mas também propositivo. Estamos preparados?
O impacto humano nas mudanças climáticas é algo fartamente comprovado pela ciência. O negacionismo e até mesmo o belicismo com que o governo brasileiro trata esses impactos é altamente prejudicial para toda a comunidade internacional que se debruça sobre a questão do meio ambiente.
O grande desafio da Humanidade nesse momento é encontrar um modelo verdadeiramente sustentável de desenvolvimento. Devemos proteger o direito das futuras gerações a um planeta saudável e, no limite, garantir a própria sobrevivência da raça humana. É uma luta civilizatória, que pertence a todos nós.
A busca por esse modelo se insere nas mudanças almejadas pela Agenda 2030 da ONU, com seus 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), que trazem os preceitos que devem sustentar nossa evolução rumo à sustentabilidade, entre eles o uso de fontes renováveis de energia, redução do gás estufa, defesa dos ecossistemas naturais e consumo e produção responsáveis.
Não podemos nos furtar de levar em consideração o drama das desigualdades sociais e suas implicações, especialmente em meio às ameaças da pandemia que já matou mais de 3 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo quase 400 mil aqui no país.
Muito da degradação ambiental e das mortes presenciadas recentemente seria evitável se tivéssemos maior consciência coletiva e responsabilidade dos nossos governantes, que, lamentavelmente, ainda permanecem divididos, batendo cabeça, num espetáculo de horror, insensibilidade e pura incompetência administrativa e política.
O Brasil do governo Bolsonaro está criminosamente apartado dos esforços internacionais em defesa do clima e da vida. Estamos sujeitos a severas críticas por esse comportamento diversionista durante a Cúpula do Clima. Certamente, seremos tratados com desconfiança e desdém.
No frigir dos ovos da questão ambiental, somos hoje mundialmente uma piada pronta e fácil, para o desespero daqueles que pregam o avanço da sustentabilidade em nosso país.
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