Mesmo com auxílio emergencial, restrições farão varejo paulista perder 3% do faturamento de abril
Em cenário sem benefício do governo federal, queda seria duas vezes maior, aponta FecomercioSP; lojas de vestuário perderão dois terços do tamanho
Mesmo com a injeção de R$ 1,54 bilhão do auxílio emergencial destinado ao
consumo das famílias, a partir de abril, a manutenção das medidas de
restrição de circulação de pessoas, de funcionamento de lojas e de fechamento
de atividades não essenciais sobre o varejo paulista fará com que o setor feche
o mês que vem com um faturamento 3% menor do que abril de 2020 – que, à época
no auge da primeira onda de covid-19, registrara retração recorde de 23%.
Os números são parte de uma projeção da Federação do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), para o mês de abril, levando
em conta o retorno do benefício pago pelo governo federal, agora no valor médio
estimado de R$ 250 por pessoa.
Em abril do ano passado, o prejuízo do conjunto das atividades do varejo
no Estado fora de R$ 16,4 bilhões, o que, somado à estimativa para abril de
2021, significará um rombo de R$ 17,9 bilhões no caixa do setor, levando em
conta os dois períodos.
Neste cenário, em que as restrições implementadas em março
pelo governo estadual permaneçam ao longo de abril, a previsão da Federação é
que as atividades impactadas pelas medidas, consideradas não essenciais, percam
43% do faturamento em comparação a abril de 2020. No caso das atividades
essenciais, ao contrário – como supermercados e farmácias –, a previsão é de
alta de 4%.
Pelos cálculos da Entidade, a atividade varejista mais impactada pelo contexto
será o de vestuário e calçados, que perderá mais de dois terços do seu tamanho
em abril (-68%) frente ao mesmo mês de 2020. Em seguida estão as
concessionárias de veículos (-56%), as lojas de móveis e decoração (-41%) e as
de eletrodomésticos e eletrônicos (-35%). Todas elas fazem parte do grupo de
atividades que, consideradas não essenciais, passam por limitação de
funcionamento ou fechamento integral, sem contar o impacto da ausência de
pessoas em circulação.
No lado oposto, as lojas de materiais para construção devem registrar aumento
de 17% no faturamento em comparação a abril de 2020, o que indica que o auxílio
emergencial será – assim como foi no fim do ano passado – usado por muitas
famílias para promover reformas domésticas. Os supermercados, que se mantiveram
em alta ao longo do último ano, vão faturar 2% a mais. Chama a atenção, no
entanto, a previsão de queda de 7% nas receitas das farmácias e perfumarias.
O levantamento da FecomercioSP ainda mostra que, apesar da retração do varejo
em razão das restrições, a chegada do auxílio emergencial será um alento para o
setor. Em um cenário sem o benefício, a queda seria o dobro: -6%.
Assim, embora o auxílio diminua os impactos econômicos da segunda onda, a
previsão é de um mês de abril com quedas sensíveis nas vendas do varejo, tanto
por causa da renda das famílias quanto pelas restrições de operação de muitos
agentes do setor.
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e
consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto
com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização,
desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre
as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de
empresários, que respondem por quase 10% do PIB brasileiro e geram em torno de
10 milhões de empregos.