Governo demora para convocar e 38% dos nomeados desistem de tomar posse
Eduardo Becker - Graduado em Ciências Biológicas e Segurança da Informação, tem mestrado pelo Departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, na área de Biomedicina. Já trabalhou na identificação humana por DNA. É especialista em crimes cibernéticos e tem vivência em diferentes áreas da Perícia Criminal. Atualmente, é presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (SINPCRESP).
São Paulo - O Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (SINPCRESP) parabeniza o governador João Doria pelo ato de reconhecer a importância da Polícia Técnico-Científica ao nomear os candidatos aprovados e atender ao pleito do SINPCRESP, de outubro de 2018 (ofício 236/2018), que requeria a nomeação dos remanescentes para que as vacâncias existentes fossem preenchidas.
Infelizmente, dos 50 candidatos aprovados e nomeados neste mês, 19 não se apresentaram para a entrega de documentos e início do curso de formação de perito criminal, conforme relação dos empossados publicada no Diário Oficial (DOESP - Executivo II - Pag. 3) de quinta-feira, 24 de abril.
38% dos nomeados deixaram de tomar posse. Esse número é ainda maior do que a já alta desistência observada na última nomeação, em agosto do ano passado, que foi de 28%. Até então, a média era de 15% de desistentes.
Em 15 de março, o governador João Dória anunciou que nomearia 449 policiais técnico-científicos remanescentes de concursos públicos anteriores ainda com validade. Deste número, 240 são peritos criminais, 51 médicos legistas, 128 fotógrafos e 30 desenhistas.
No último sábado, 27 de abril, foi publicado no Diário Oficial, Despacho do Governador autorizando a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) a adotar todas as providências para a nomeação dos 449 candidatos aprovados nos concursos.
O presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo, Eduardo Becker, acredita que o motivo para a desistência dos candidatos foi a demora para serem chamados. "As pessoas foram se realocando no mercado, optaram por outra carreira ou arrumaram emprego. Isso prejudica o resultado do concurso e, principalmente, a perícia criminal, que precisa de gente para trabalhar", avalia.
Outro fator relevante para as desistências, segundo Becker, é que a remuneração paga à carreira de perito criminal no Estado de São Paulo está entre as nove piores do país.
Embora o governador João Dória tenha prometido “reajuste real no salário dos policiais”, durante sua campanha eleitoral, e o secretário da Segurança Pública, general João Camilo Pires de Campos, tenha afirmado publicamente que a recomposição salarial dos policiais seria um objetivo de sua gestão, até o momento não houve qualquer manifestação informando sobre como o governador irá repor os cinco anos de perda inflacionária dos peritos criminais e demais carreiras.
“Estamos ansiosos para que a promessa seja cumprida, inclusive já foi agendada reunião com o secretário da Segurança Pública para tratar da questão da reposição salarial. Esperamos que haja sensibilidade para esse problema e o Governo convoque os que ainda estão na lista e possuem pontuação para assumirem esses cargos vagos. E que, nos próximos concursos, não exista essa demora em convocar os aprovados", finalizou Becker.