Quinta-feira, 28 mar 2024
 
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POEMA - A caneta de ouro e a enxada caipira

Ronaldo Mainardi e José Tavares (membros da Aliandra)

Andradina - Certa tarde, fugindo do barulho da cidade, uma vaidosa caneta de ouro, no sitio da amiga enxada caipira, decidiu descansar. Ao chegar logo avistou, a enxada caipira, que banhada de suor, com grande supremacia, lavrava o chão. A caneta presunçosa, e discriminativa, a simples enxada, ja foi falando, como se fôsse, a dona da razão. Não se achegue até mim, fique aonde está, você está suja de terra, e eu não pretento me sujar. Preconceituosa e menosprezando a simplicindade, orgulhosa arrotou; não precisa chegar perto, para que ouça, o porquê aqui estou. Eu vivo na cidade grande, minha casa é um palácio, não sei o que aqui faço! sou uma caneta de ouro, o meu brilho acompanha a alta tecnologia, e a sua evolução.

Rica e nobre, é a minha profissão; deslizo entre os dedos de importantes documentos, e todos projetos que se tornaram leis dentro da contituição brasileira.Vomitando prepotência , a caneta ainda diz: não me comparo a você , uma pobre enxada caipira, que sem eira e nem beira , sem nenhum prestigio , serve apenas , para lavrar , um pedaço de chão.

Não tem nenhuma cultura, enquanto eu , cursei e me formei , em tôdos cursos superiores , e me tornei expert , no quesito comunicação. Visitei varios países e escrevi, grandes discursos em prol da população. Eu sou a caneta de ouro conhecida e aplaudida de pé , pela imensa multidão. E você, qual será o teu futuro, longe da sociedade e perdida aqui , nos confins do sertão? sua casa não é casa é apenas um simples ranchinho, a beira - chão...

Resposta da enxada

Aqui no meu ranchinho, eu vivo em harmonia juntos a natureza. respiro o ar puro , aqui tudo é alegria eu não conheço tristeza. em minha simplicidade bem longe da cidade, que você chama evoluçao, e aqui que revoluo a terra, onde nela semeio o sustento, de uma grande nação.

Aqui me sinto feliz , tenho paz e muita esperança e me orgulho de minha profissão. É pela minha coragem e muita convicção, que o teu luxo se sustenta lá na grande cidade , teu brilhantismo reflete, na alta sociedade, e você desfruta de um bom salário em minha simplicidade , eu te pergunto, com muita educação : o que seria de uma enxada caipira , aqui nos confins do meu sertão.

Aceite a verdade sua maestria, sem a enxada caipira, a caneta de ouro, jamais existiria.