Sexta-feira, 29 mar 2024
 
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Prefeita Fátima garante pagamento de funcionários e dá ultimato de 3 dias ao “Zé Fortuna”

Castilho – Terminou por volta das 16h de ontem, quarta-feira,15 a reunião entre dirigentes do Hospital e Maternidade “José Fortuna”, Secretarias de Saúde e Assistência Social, Poderes Executivo e Legislativo, Procuradoria Jurídica do Município, Conselho Municipal de Saúde, Consultores Financeiros da Administração, representantes dos funcionários do hospital e a imprensa regional. Após duas horas de ponderações, acusações e muitas reticências, o objetivo principal do encontro foi acertado: funcionários do hospital que estão com os salários atrasados devem receber seus vencimentos até o final da tarde desta quinta-feira,16.

A diretoria do Hospital, que alega não ter recursos financeiros para pagar os salários de seus funcionários, aceitou o adiantamento de R$ 50 mil oferecido pela Prefeita Fátima Nascimento (DEM) para por em dia os atrasados. Segundo o diretor Devanir Pimenta, do “José Fortuna”, cerca de 120 mil são necessários para saldar este atraso. A complementação do dinheiro necessário para cobrir a folha de pagamento será feita com recursos federais de pouco mais de R$ 80 mil que a Secretaria de Saúde do Município já havia depositado na conta da Instituição nesta quarta-feira. O acordo, no entanto, não resolve a totalidade da crise, já que, segundo a entidade, outros R$ 120 mil são necessários para pagar os honorários médicos.

Embora este pequeno resumo sugira que a normalidade voltou a reinar nesta nova crise envolvendo a Sociedade Beneficente de Castilho, a reunião revelou outras verdades até então desconhecidas não apenas pela população, mas também pela imprensa. Números precisos apresentados pela Secretaria de Saúde e pelo Conselho Municipal de Saúde sugerem que alguns serviços prestados pelo único Hospital do município chegam a custar até 1000% mais caros aos cofres públicos castilhenses do que os listados pela tabela SUS. Deva rebate este apontamento alegando que a tabela utilizada pelo Governo Federal como referência obrigatória estão defasados há quase uma década. Ainda assim, não explicou à imprensa e aos demais presentes os preços quase 250% maiores cobrados por eles em outros serviços comparados pelo Conselho com a tabela vigente da Unimed, por exemplo.

Ao vereador Flávio Nascimento (DEM), Deva não conseguiu responder porque priorizou o pagamento de fornecedores neste mês de agosto, preferindo atrasar os pagamentos de médicos e funcionários ao invés de renegociar débitos com estes credores. Deva negou esta afirmação, mas as palavras de Flávio foram confirmadas pelo também vereador Wagner de Souza Oliveira (Waguinho, PV)e outros parlamentares que ouviram esta afirmação feita pelo Diretor à secretária da instituição durante reunião com o Legislativo.

A diretoria também não foi capaz de explicar porque recusou outras propostas de implantação de serviços conveniados ao Governo Federal apresentadas pela Secretaria de Saúde e pelo Conselho como opções para agregar recursos e manter a estabilidade financeira da entidade. Da mesma forma, Deva não se manifestou quando a Secretária de Saúde, Janini Nascimento, afirmou que ele recusou a oferta de utilizar o mesmo Laboratório de Análises Clínicas contratado pelo Município e cujos serviços custam menos que os apontados pela tabela SUS. Pelo contrário. Segundo a Secretária, Deva preferiu manter o prestador atual deste serviço por questões de “amizade”, apesar dos exames realizados pelo mesmo estarem bem acima dos valores constantes na tabela SUS.

A profissional de Saúde Katnara Rocha, na oportunidade representando a comunidade católica do município, questionou a ausência de filantropia por parte da instituição, alegando que a realização de campanhas, bingos, leilões, jantares e outros eventos podem assegurar um fluxo de caixa reserva que supriria as necessidades do Hospital em algumas dificuldades. Katnara têm autoridade para sugerir esta medida, já que os eventos realizados pela comunidade católica nos dois últimos anos batem sucessivos recordes de público e arrecadação que estão renovando toda a estrutura da Igreja e fomentando o espírito solidário castilhense. Nenhum membro da diretoria do Hospital se manifestou a este respeito.

Estas foram apenas algumas das muitas “revelações” resultantes deste encontro que pode definir o futuro da Saúde Pública no município de Castilho. Ante o impasse da entidade em assinar o contrato de Prestação de Serviços com o Município até o término deste ano, a prefeita Fátima foi enérgica: concedeu ao “José Fortuna” o prazo de três dias úteis para reunir seus pares e decidir se o contrato será assinado ou não e garantiu que, tão logo isso ocorra, o dinheiro da subvenção municipal destinado à instituição será depositado em conta, possibilitando que eles arquem com as demais responsabilidades financeiras pendentes.

Fátima também deixou claro que a diretoria do “José Fortuna” deverá assinar um termo de compromisso com o Município, afirmando que “nenhum” funcionário será demitido até o término do ano. Caso as exigências feitas pela Prefeitura para manter a subvenção não sejam aceitas até segunda-feira (20), Fátima disse que o Município de Castilho está preparado para assumir a gestão do Hospital, gastando menos do que a diretoria atual e mantendo todos os funcionários já existentes. “Quero atendimento de qualidade, com preço justo, o compromisso de que nenhum pai ou mãe de família será demitido e que os filhos de Castilho voltem a nascer em Castilho, o que já não acontece há mais de uma década. Este é o meu compromisso com os mais de 21 mil moradores desta cidade que paga tão caro por um serviço que tantos criticam”, afirmou Fátima.