Sábado, 20 abril 2024
 
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Chocolate com Pimenta - Márcia Canevari

Os Dezmedidos – Pro Ricardo Boechart

Apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM, colunista da revista ISTOÉ e ganhador de três prêmios Esso. Também escreve seu desabafo abaixo destinado aos que votaram na calada da noite as 10 medidas contra a corrupção.

Desabafo

“Ignóbeis, devassos, indecentes, indecorosos, obscenos, velhacos, venais, infames, vis, torpes, repulsivos, asquerosos, ascosos, repelentes, nojosos, repugnantes, imorais, desfaçados, atrevidos, cínicos, perversos, debochados, corruptos, zombeteiros, ordinários, patifes, libertinos, ardilosos, solertes, vulpinos, depravados, traiçoeiros, versutos, canalhas, desprezíveis, insignificantes, rabacués, débeis, fracos, vergonhosos, ladrões, ocos, inescrupulosos, nojentos, nauseantes, indignos, tarados, reles, grosseiros, soezes, xumbregas, defeituosos, perversos, malvados, covardes, medrosos, duvidosos, ambíguos, anfibológicos, ardilosos, insidiosos, furtadores, gatunos, larápios, ratoneiros, tungadores, enganadores, tapeadores, trapaceiros, embusteiros, mofatrões, alicantineiros, impostores, falsários, vigaristas, vagabundos, malandros, cafajestes, vadios, pilantras, crápulas, calhordas, degenerados, pulhas, finórios, safados, descarados, abomináveis, cínicos, indecentes, vergonhosos, traíras, bucaneiros, desagregadores, assaltantes, miseráveis, aéticos, avarentos, salteadores, falsos, mentirosos, abjetos, cruéis, fraudulentos, trambiqueiros, punguistas, hipócritas, fingidos, santarrões, beatorros, bandidos, quadrilheiros, meliantes, desavergonhados, balandrões, bazofiadores, fanfarrões, bufões, gabolas, rabulões, cruéis, vendidos, ridículos, prepotentes, déspotas, opressores, pervertidos, tiranos, risíveis, vulgares, insensatos, inconsequentes, dejetos, usurários, pusilânimes, violentos, desleais, assassinos, insanos, dementes, loucos, desajuizados, desvairados, bandoleiros, malucos, tresloucados, desatinados, alucinados, doidivanas, perdulários, esbanjadores, vermes, traidores, míopes, pretensiosos, conspiradores, mesquinhos, podres, súcias, desequilibrados, preguiçosos, putrefeitos, apodrecidos, grotescos, caricatos, corja, soberbos, súcia, maledicentes, desonrados, desacreditados, capciosos, cavilosos, gananciosos, presunçosos, arrogantes, insolentes, vaidosos, cáfilas, cambada, gentalha, malta, bestas, cavalgaduras, ignorantes, mafiosos, irresponsáveis, perversos.”

Gente fina

Alguém precisa avisar à elite estatal que a crise é séria. Luiz Pimentel, presidente do INPI (500 mil processos esperando patente; demora média superior a dez anos), assumiu há 15 meses. Desde então, fez mais de 50 viagens, três para o Primeiro Mundo. A próxima, dia 19, terá como destino Paris, já iluminada para o Natal… Fosse pouco, o doutor mandou alugar quatro automóveis de luxo para si e seus diretores, com motorista incluído. Os preços previstos pelo contrato são salgados.

Meia sola

Uma nova manobra está sendo urdida em Brasília. Em situações do gênero ninguém assume nada, mas especula-se que a paternidade esteja no meio acadêmico. A meta é resolver a vida de quem recebeu caixa 2 nas campanhas eleitorais – e das empresas que doaram. A regularização viria por projeto de lei criando uma janela para a regularização da grana não declarada, pagando multa à Receita Federal. Inspiração pura na lei de repatriação de recursos. Resolve o problema fiscal do caixa 2, mas não a prática de outros crimes, tipo corrupção. Quem defende eleições limpas não pode concordar com isso.

Para atazanar

Atropelados pela Câmara, que transformou em veneno contra os autores as Dez Medidas contra a Corrupção, a equipe da Lava Jato não renunciará. Diante da ameaça de enquadrar promotores e procuradores na Lei de Abuso de Autoridade, o receio não é de condenações, mas do processo em si. “Boa parte dos acusados têm grandes advogados” – diz o procurador Deltan Dallagnol. “A tendência é que movam processos em massa, unicamente para que o tempo dos investigadores seja consumido nas próprias defesas. Ninguém conseguirá trabalhar”.

Réu baiano

Na quinta-feira 1º, último dia do prazo, Geddel Vieira Lima entregou sua defesa à Comissão de Ética da Presidência da República, no processo que investiga se pressionou o então ministro da Cultura para liberar obra de prédio embargado pelo Iphan em Salvador. Com o depoimento de Marcelo Calero à Polícia Federal (não contestado) e farto dossiê reunido, o caso será julgado na quinta-feira 15. Geddel caiu por conflito ético e envolveu Temer em um problema nada republicano. Agora, pode sofrer “censura pública”, mesmo fora do Governo.

Mãos a obra

Apontada por Michel Temer, segundo o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, como destinatário do caso do embargo proposto pelo Iphan à construção de prédio em Salvador, onde o ex-ministro Geddel Vieira Lima comprou um apartamento, a Advocacia-Geral da União envolveu-se em 329 conflitos entre órgãos do Governo, este ano. Até aqui, 128 foram resolvidos. Como se pode deduzir, debaixo desse angu tem muito caroço.

Escândalo aéreo

Deputados que compõem a base aliada do governo derrubaram na semana passada, na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, os requerimentos de informação que solicitavam esclarecimentos sobre o uso de aviões da Força Aérea Brasileira para deslocamentos domésticos por parte de ministros.

Mordomias

Segundo levantamento feito pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Suas Excias utilizaram 781 vezes os jatos executivos da FAB, desde que Michel Temer tomou posse. Em 238 ocasiões, os deslocamentos tiveram como origem ou destino as cidades onde vivem os ocupantes do primeiro escalão do governo, sem apresentar uma justificativa adequada nas agendas oficiais, que devem ser sempre divulgadas pela internet.

Orgia com dinheiro público

Trata-se de uma orgia com os recursos públicos. Dependendo do destino, algumas viagens custam até R$ 100 mil. Desperdício imoral, sobretudo se considerarmos que alguns dos usuários são pessoas que de dia discursam sobre as dificuldades financeiras da administração federal, mas à noite voam como príncipes.

Felizmente não são todos os ministros

Mas a lista dos usuários é extensa. Inclui Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), Alexandre de Moraes (Justiça), Ricardo Barros (Saúde), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) e José Serra (Relações Exteriores). Eles vivem em cidades fartamente atendidas por linhas áreas regulares.

Usando e abusando

Os que usam e abusam desse expediente deveriam ter em mente que toda vez que um avião da FAB se desloca são os contribuintes que pagam o combustível, o desgaste do equipamento, as horas da tripulação e por aí afora. Se há previsibilidade na viagem, as autoridades deveriam esperar as promoções das companhias aéreas, sempre abundantes. Se comprar um pacote de bilhetes, os preços vão no chão.

Importante frisar que a zona não é de hoje

No ano passado, entre janeiro e setembro, ministros de Dilma Rousseff fizeram uso da mordomia mais de 2.400 vezes, transformando em letra morta decretos da então presidente que pretenderam disciplinar o serviço. Aliás, não está sendo diferente com Temer. É duro reconhecer, mas as práticas dos nossos governantes, desde Tomé de Souza, mais os assemelham do que distinguem.

Por aqui também tem farra do boi

Segundo informações um motorista teria denunciado ao Ministério Público, Gaeco e Policia Federal, que foi obrigado a levar uma galerinha mais ou menos com os adjetivos mencionados por Ricardo Boechart, para fazer compras na Rua 25 de Março, com veículo oficial. Se for confirmado, a cobra vai fumar.

Sem liberdade

Primeiro preso pela Lava Jato no exterior, Raul Schmidt continuará detido no Paraná. Foi a decisão do STJ na terça-feira 8. Pela segunda vez houve tentativa de soltá-lo. O lobista é apontado como intermediário entre Jorge Zelada, ex-diretor da área internacional da Petrobras, e empresas atuantes no esquema de corrupção na estatal. Segundo o MPF, propinas da ordem de US$ 31 milhões envolveram o aluguel do navio sonda Titanium Explorer. O ex-funcionário da Petrobras, detido em Lisboa em abril, na 25ª fase da operação, está com R$ 7 milhões bloqueados.

Pente-fino

As delações premiadas de executivos da UTC e da OAS devem passar por nova checagem de informações tão logo o acordo em negociação da Odebrecht com a Procuradoria-Geral da República seja homologado no STF. As três empresas são sócias no estaleiro Enseada (BA) – com a japonesa Kawasaki. Depoimentos de dirigentes da UTC e da OAS aos procuradores teriam poupado políticos baianos – a Odebrecht não aliviou ninguém. Acordos com comprovada omissão são extintos.

Fora do caso

Cinco advogados de Eduardo Cunha na Lava Jato renunciaram coletivamente à causa, dia 3 passado. Decisão surpreendente. Afinal, o juiz Sérgio Moro aceitou incluir Lula, Michel Temer e mais 20 pessoas como testemunhas de defesa do ex-deputado federal na ação que corre na 13ª Vara Federal de Curitiba. Não faz sentido especular que Cunha quer a delação premiada e “a banca” – Fernanda Tórtima, Juarez Tavares, Ademar Borges, João Marques e Péricles Ribeiro – não concordaria. Afinal, a advogada esteve à frente do acordo do réu confesso Sérgio Machado com a Procuradoria-Geral da República, em maio.

Planalto desacelera projeto de abuso de autoridade

Após manifestações País afora, que tiveram como foco a atuação dos parlamentares para inibir investigações da Operação Lava Jato e ações de juízes e promotores, o Palácio do Planalto e líderes partidários do Senado avaliam que o projeto da Lei de Abuso de Autoridade deverá ser desacelerado. A matéria poderá sair da pauta de votação do plenário do Senado.

Pressão pública

Esse calendário de apreciação do projeto havia sido anunciado há três semanas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), principal alvo dos protestos deste domingo, 4. Segundo líderes da base e interlocutores do Planalto, a tendência é de que a pressão pública retire a proposta de lei de abuso de autoridade da lista de prioridades de votação.

Temer tenta ficar de fora

Oficialmente, o discurso do governo é não se envolver em assuntos do Legislativo, embora haja uma expectativa de que o projeto não avance a ponto de chegar à mesa do presidente Michel Temer para decidir se veta ou sanciona as medidas. O Executivo defende foco total na agenda do Senado para a votação do segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos, que deve ser apreciada em segundo turno no dia 13.

O Estadão

O Planalto considerou que as manifestações não vão prejudicar as reformas. Avaliou também que Renan – mesmo sendo alvo dos protestos – está comprometido com a agenda de recuperação econômica. Temer foi preservado das críticas da rua, mas o Planalto, conforme reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de domingo, receia ser tragado pela onda de protestos.

É bom mesmo

Michel Temer tem que ficar esperto, porque além de não gozar das prerrogativas de boa aceitação – na verdade foi engolido pelo povo -, se cair na esparrela contra a Operação Lava jato, vai se ferrar.

Bom dia, leitor!