Quinta-feira, 18 abril 2024
 
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Eleições 2020: PT e PSDB tentam recuperar protagonismo

(Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

Identificação digital das urnas eletrônicas

As cidades brasileiras irão escolher no dia 4 de outubro seus prefeitos e vereadores. O segundo turno, se acontecer, será no dia 28. O Congresso em Foco fez um levantamento das estratégias adotadas pelo PT, PSDB, PSL, PDT, DEM, PSB e Aliança pelo Brasil na disputa pelo comando de capitais dos 11 maiores colégios eleitorais. As informações deste texto foram publicadas antes no Congresso em Foco Premium, serviço exclusivo de informações sobre política e economia do Congresso em Foco. Para assinar, entre em contato com comercial@congressoemfoco.com.br.

O número de cidades foi escolhido para que municípios das cinco regiões do Brasil estejam representados. Brasília (DF) não foi incluída porque a capital do país não tem prefeitos nem vereadores. As eleições municipais deste ano serão as primeiras sem coligações para o pleito proporcional, o que significa que os partidos não poderão aproveitar as votações de siglas aliadas para escolher os representantes nas câmaras municipais.

Isso tende a estimular as legendas a lançarem candidatos próprios para as prefeituras, com a estratégia de reforçar o nome do partido e alavancar o número de vereadores eleitos. Este também vai ser o primeiro pleito municipal após o bolsonarismo ter ganhado força. Em 2016, o PSDB foi o partido que mais obteve sucesso ao eleger prefeitos em cidades desse grupo. Naquele pleito foram escolhidos os tucanos João Doria em São Paulo (SP), Nelson Marchezan Júnior em Porto Alegre (RS), Arthur Virgílio em Manaus (AM) e Zenaldo Coutinho em Belém (PA).

De acordo com o comando nacional da legenda, a intenção é manter as cidades onde o partido tem prefeituras e ampliar os espaços em outros municípios. Além de São Paulo, onde Bruno Covas assumiu o comando do Executivo paulistano após a eleição de Doria para governador, uma das apostas da legenda é o Rio de Janeiro (RJ), onde a pré-candidata é Mariana Ribas.

Apesar do sucesso nas eleições de 2016, o PSDB vem de um período de grande derrota eleitoral. No pleito presidencial de 2018, o candidato Geraldo Alckmin teve o pior desempenho da sigla desde 1989. O PT também busca reconquistar a relevância eleitoral e a legenda tem a diretriz de apostar em candidaturas próprias. Em 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff (PT), o partido não só não elegeu nenhum representante nos 11 maiores colégios eleitorais como a única capital que um petista teve sucesso foi Rio Branco (AC).

PSL e Aliança pelo Brasil

Nas eleições de 2016 o PSL era um partido nanico e não elegeu nenhum prefeito de capital e nem sequer tinha filiados competitivos naquela disputa. Em 2018, o partido foi impulsionado com a vinda de Jair Bolsonaro para a sigla. A permanência do presidente da República na legenda não durou muito - um ano e dez meses -, mas foi o suficiente para que o partido ganhasse musculatura.

De acordo com o deputado federal Júnior Bozella (SP), vice-presidente nacional do PSL, o partido fará reunião no dia 4 de fevereiro para debater a participação nas eleições das capitais brasileiras. Entre os pré-candidatos já definidos estão a deputada federal Joice Hasselmann em São Paulo e o deputado estadual Rodrigo Amorim no Rio de Janeiro.

O Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro tentar criar, ainda precisa ser registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para uma pessoa concorrer em eleição é necessário que esteja filiada a uma legenda há no mínimo seis meses antes da data da votação, ou seja, o Aliança precisa ficar pronto até abril.

Aliados de Bolsonaro reconhecem que o prazo é curto e já tentam achar uma legenda que os abriguem temporariamente e pela qual possam disputar vagas nas prefeituras e nas câmaras.

PT

Depois de amargar um resultado ruim nas eleições de 2016 quando o único prefeito de capital eleito foi Marcus Alexandre em Rio Branco (AC), o PT tenta reverter esse quadro em 2020. A orientação do comando nacional do partido é ter o maior número possível de candidaturas próprias.

“Vamos fazer um esforço grande para ter candidatos no maior número possível de municípios no Brasil, achamos isso importante, o PT é um partido grande, que tem referência e responsabilidade e é um momento também do partido conversar com a população, falar de seu legado, se defender de todos os ataques, mostrar o que está acontecendo no Brasil”, disse a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, em entrevista dada neste mês ao Congresso em Foco.

No entanto, há cidades onde o PT caminha para apoiar legendas aliadas como Rio de Janeiro (RJ), com Marcelo Freixo (Psol), Porto Alegre (RS), com Manuela Dávila (PCdoB), Belém (PA), com Edmilson Rodrigues (Psol), e Florianópolis (SC), com professor Elson (Psol). No Recife (PE), a estratégia, tornada pública por Lula em entrevista ao Uol publicada no domingo (26), é lançar Marília Arraes (PT) candidata a prefeitura.

A petista tentou ser candidata a governadora em 2018, mas teve sua tentativa abolida após um acordo nacional do PT com o PSB que fez os petistas no estado embarcarem na reeleição de Paulo Câmara (PSB). Cenário parecido pode se repetir neste ano. O PT pode abrir mão de disputar a Prefeitura do Recife para apoiar João Campos, que pretende se candidatar pelo PSB.

O filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em 2014, participou de almoço com Lula durante a visita dele ao Recife em novembro. Na ocasião, o deputado federal fez bastantes elogios ao ex-presidente, mas evitou falar de eleição. No mesmo dia, Lula participou de jantar na casa de Marília Arraes na capital pernambucana.

Em São Paulo há uma indefinição sobre quem vai ser o candidato do partido. Há um processo de prévias aberto para definir o representante petista, com data de escolha marcada para o dia 15 de março.

O nome de maior competitividade é Fernando Haddad, que não tem a intenção de concorrer. Já demonstraram interesse na candidatura os deputados Paulo Teixeira, Carlos Zarattini, Alexandre Padilha, o vereador Eduardo Suplicy, o ex-secretário estadual Jilmar Tatoo e o ex-vereador Nabil Bonduki.

No entanto, Gleisi defende que seja escolhido um nome de consenso sem a necessidade de prévias. “Queremos evitar as prévias, tentar conversar internamente a possibilidade de uma unidade do partido nesse sentido para que a gente possa ter uma candidatura fortalecida e vamos buscar outros partidos para conversar”.

DEM e PDT

Tradicionais adversários no plano nacional, DEM e PDT planejam uma série de alianças em capitais nordestinas. As duas siglas de campos ideológicos opostos devem estar juntas nas eleições em Salvador (BA), Teresina (PI) e Fortaleza (CE). “Por enquanto estas, mas temos outras em conversa”, disse o presidente nacional do PTD, Carlos Lupi, ao Congresso em Foco.

Além de Lupi, participam das articulações o ex-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT), o presidente nacional do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O DEM lançou o atual vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis, como candidato a sucessão de ACM Neto.

O secretário de Saúde do atual prefeito, Leonardo Prates, já acertou sua desfiliação do DEM e vai para o PDT. Prates é apontado tanto como candidato a prefeito como a vice de Bruno Reis. No entanto, no Rio de Janeiro a aliança não deve se repetir, o PDT quer concorrer a prefeitura com Marta Rocha e o DEM deve lançar Eduardo Paes.

“Aqui a candidatura da Marta Rocha e inegociável, já aprovada em pré-convenção”, afirmou Lupi. O PDT também quer construir uma frente de partidos de oposição nas eleições. Os aliados preferenciais são PSB, Rede e PV.

Em Fortaleza (CE), base eleitoral de Ciro Gomes, o cenário é de indefinição. O partido não bateu o martelo sobre quem vai ser o candidato a sucessão de Roberto Cláudio (PDT). Os nomes apontados são os do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, José Sarto, do secretário municipal de Governo, Samuel Dias, e do deputado estadual Salmito Filho.

O senador Cid Gomes, irmão de Ciro, tirou licença de seu mandato no Senado e assumiu a presidência interina do PDT cearense para ajudar na escolha do nome do grupo político na capital cearense.

PSDB

Já o PSDB quer manter as cidades que estão sob o seu comando e conquistar mais. “Queremos alcançar reeleição em Porto Alegre, São Paulo , Teresina, Manaus, Maceió e Porto Velho. Vamos cuidar das demais capitais como sendo prioridade do partido. Os municípios acima de 200 mil eleitores terão uma prioridade nacional com a participação da executiva com o acompanhamento da escolha dessas candidaturas”, afirmou o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, em entrevista dada ao Congresso em Foco em outubro.

No Rio de Janeiro, onde a sigla tradicionalmente não tem aderência, a pré-candidata é a ex-diretora da Agência Nacional de Cinema (Ancine) Mariana Ribas. Quem também está de olho na vaga de pré-candidato é o ex-ministro da Secretaria Geral Gustavo Bebianno. Ele se filiou ao PSDB após romper com Bolsonaro.

Bebianno já foi homem de confiança do presidente da República e presidiu o PSL durante a campanha presidencial. Após desavenças com o segundo filho de Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, foi demitido do ministério e hoje é aliado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que quer ser candidato a presidente em 2022.

Outra possibilidade é que os tucanos no Rio de Janeiro apoiem Eduardo Paes, do DEM, para prefeito, que lidera as pesquisas de intenção de voto junto com o deputado federal Marcelo Freixo (Psol).