Sexta-feira, 29 mar 2024
 
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Artigo: Uma Revolução Permanente

José Renato Nalini é o atual Reitor da Uniregistral, professor, palestrante e conferencista

O Brasil precisa acordar para a falência de sua educação. Continua-se a fazer o mesmo, na expectativa de que os resultados sejam diferentes. Não serão. Ao contrário, afunda-se no lamaçal profundo da ignorância, que atinge todos os espaços.

Estive recentemente na Grécia e em Atenas pude constatar uma biblioteca repleta. Jovens mergulhados em pesquisa, em leitura, em trabalhos grupais, na consulta à internet e no preparo de ensaios. Aqui, a regra é outra: as bibliotecas estão vazias.

Pouquíssimos realizam autêntico trabalho científico. Prefere-se o cômodo encontro de algo superficial, logo copiado e transcrito para escritos com os mais absurdos erros de grafia, de concordância, de sintaxe. Até mesmo em dissertações e teses detecta-se a falta de sentido em inúmeros trechos.

Lê-se pouco e lê-se mal. O ensino parece um trem descarrilhado, que parou num desvio e ali permaneceu, sem que o Brasil disso se apercebesse. Não se adquiriu consciência de que há três níveis de educação. O inferior é a transferência de informação a ser memorizada.

Nisso prosseguimos, fazendo crianças decorarem informações que para nada servirão quando forem adultos. O segundo é a “deuteroaprendizagem”, que visa ao domínio de uma estrutura cognitiva, à qual a informação adquirida no futuro possa ser absorvida e incorporada.

Mas existe um terceiro nível, esse o mais importante, que exprime a capacidade de desmontar e reorganizar a estrutura cognitiva anterior. Chega a ser necessário desembaraçar-se inteiramente dela para substituí-la por outra, mais conforme com as necessidades contemporâneas.

Já colhemos os frutos mirrados desse desperdício de tempo e de recursos. Gerações despreparadas, desempregadas e desalentadas. Mas sempre prontas para as baladas, para os shows internacionais e para a diversão contínua, como se o futuro fosse reservar a todos permanente festa.